A resiliência digital é essencial para proteger as empresas de falhas e ameaças cibernéticas, especialmente com o avanço de tecnologias como 5G e IoT. Ela envolve a capacidade de manter as operações ininterruptas, protegendo dados e activos contra ciber ataques, desastres naturais e falhas humanas. Com a digitalização crescente, a continuidade dos negócios e a segurança dos dados tornam-se cada vez mais críticas.
Muitas empresas ainda carecem de sistemas robustos de backup e recuperação, o que as expõe a grandes riscos financeiros e operacionais. A implementação de soluções de protecção adequadas é crucial, especialmente em sectores que lidam com grandes volumes de dados, como a manufactura inteligente e as transações financeiras.
De acordo com o Fórum Económico Mundial, a economia global está a tornar-se cada vez mais digitalizada. Com isso, a resiliência digital assume uma importância ainda maior. Mais de 80% das empresas enfrentam um risco médio ou alto de violação de dados, evidenciando a necessidade urgente de fortalecer as suas infraestruturas digitais.
Riscos de desastres naturais e erros humanos
Os dados tornaram-se o activo mais valioso para as organizações. Entretanto, muitas empresas ainda não possuem sistemas de protecção adequados, tornando os seus dados vulneráveis a falhas de sistema, desastres naturais e erros humanos. Esses factores podem causar colapsos nas operações de TI, resultando em perdas financeiras significativas e, em alguns casos, irreversíveis.
Um exemplo dramático ocorreu em Março de 2021, quando um incêndio destruiu quatro data centers da OVH, a maior operadora de infraestrutura de cloud (nuvem) da Europa. Esse evento resultou na paralisação de centenas de sites de clientes e na perda de dados irreversíveis. Da mesma forma, a Bolsa de Valores de Tóquio, a terceira maior do mundo, foi forçada a interromper as suas operações por um dia em outubro de 2021, devido a falhas no seu sistema de armazenamento.
O caminho para ‘Três Zeros, Dois Sempre’
A resiliência digital também exige estratégias de protecção que cubram todo o ciclo de vida dos dados. Objectivos como “zero perda, zero vazamento e zero adulteração de dados” são fundamentais para garantir a segurança das informações e a continuidade dos serviços. Para garantir a segurança e confiabilidade dos dados, as empresas devem procurar atingir a meta de “Três Zeros, Dois Sempre”. Esta meta refere-se a:
1. Zero perda de dados: As informações dos clientes não devem ser danificadas ou perdidas, mesmo em casos de anomalias de software ou hardware.
2. Zero vazamento de dados: Os dados devem ser protegidos contra acessos não autorizados durante todo o ciclo de vida, seja no armazenamento, transmissão ou processamento.
3. Zero adulteração de dados: As informações devem estar imunes a modificações não autorizadas, e, em casos de violação, os dados devem ser recuperáveis.
4. Serviços sempre activos: A continuidade dos serviços deve ser garantida, com recuperação rápida após qualquer interrupção.
5. Acesso sempre em conformidade: Todos os processos relacionados ao armazenamento e manipulação de dados devem estar em conformidade com as regulamentações, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR).
Estes princípios são vitais para garantir que as empresas mantenham a sua resiliência digital num ambiente de ameaças crescentes.
Empresas que não adoptam soluções avançadas de protecção correm sérios riscos, e é fundamental que realizem testes regulares de recuperação para garantir que os seus sistemas estejam preparados para possíveis crises. Por fim, à medida que novas plataformas e tecnologias emergem, arquitecturas flexíveis e estratégias ágeis devem ser desenvolvidas para garantir a segurança e a conformidade com as regulamentações.
No contexto africano, e especificamente em Moçambique, a importância da resiliência digital torna-se ainda mais evidente diante de desafios como a infraestrutura limitada e a vulnerabilidade a ataques cibernéticos e desastres naturais. Moçambique, como muitos países africanos, está a viver um processo acelerado de digitalização, impulsionado pela expansão de redes de internet e tecnologias emergentes como 5G e IoT. Entretanto, esta transformação digital também expõe empresas e instituições a novos riscos, destacando a necessidade de estratégias robustas de resiliência digital.
A economia digital em Moçambique ainda está em fase de desenvolvimento, com muitas empresas adoptando soluções tecnológicas para melhorar operações e serviços. No entanto, a infraestrutura de TI no país, como em várias regiões de África, enfrenta desafios como cortes de energia frequentes, falta de redundância nas redes de telecomunicações e vulnerabilidade a desastres naturais, como ciclones ou cheias, que podem causar interrupções prolongadas. Esses factores aumentam a urgência da implementação de sistemas de backup e recuperação de desastres para proteger os dados críticos e garantir a continuidade das operações.
Além disso, a ameaça crescente de ciberataques atinge empresas de todos os sectores, e a falta de investimentos adequados em segurança cibernética torna muitas organizações Moçambicanas susceptíveis a violações de dados e falhas no sistema. Num ambiente onde a integridade e a confidencialidade dos dados são cruciais para o crescimento económico e a confiança do público, a resiliência digital deve ser uma prioridade, tanto para empresas quanto para instituições governamentais.
Em Moçambique, como em grande parte de África, o sector bancário, os serviços financeiros e as telecomunicações são particularmente críticos, sendo grandes depositários de dados sensíveis. Estes sectores precisam de adoptar/reforçar as suas políticas políticas de “Três Zeros, Dois Sempre”, ou seja, zero perda, vazamento e adulteração de dados, além de garantir a continuidade dos serviços e conformidade regulatória.
Para preparar-se para o futuro digital, as empresas em Moçambique precisam investir em infraestrutura de TI mais robusta, soluções de segurança cibernética e estratégias de recuperação de desastres. Parcerias público-privadas e colaborações com provedores globais de soluções tecnológicas, como o Grupo Brithol Michcoma com soluções de softwares e equipamentos das conceituadas Xerox ou Konica Minolta, ou uma empresa como a Satcom que assegura o armazenamento e backup de dados em segurança máxima, podem facilitar essa transição. A capacidade de testar e validar regularmente sistemas de recuperação também será essencial para que as empresas moçambicanas estejam preparadas para os desafios de uma economia cada vez mais digital e globalizada.
Moçambique, com os seus avanços em digitalização, tem o potencial de beneficiar enormemente da resiliência digital. No entanto, sem os investimentos e estratégias adequados, o risco de perdas financeiras e interrupções de serviços vitais continuará sendo uma ameaça significativa ao seu crescimento económico e estabilidade empresarial.